Carros antigos são atração a mais para chegada de noivas em Uberaba
Motoristas adotam estratégias, como música e balas, para acalmar noivas.
Casada recentemente, promotora fala do romantismo que veículos trazem.
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Nem só vestido, cerimônia e convidados são preocupações para as noivas. Em Uberaba, os carros de época são detalhes que se tornam atração nos casamentos. O serviço é utilizado durante o percurso salão, igreja, sessão de fotos e festa. Além de renda, quem dirige os veículos ganha histórias para contar e mantém a tradição romântica e clássica das cerimônias.
Mauro Roberto Rosa é dono há mais de 30 anos de um Ford Superluxo 1946 e começou a atividade há 12 anos. Para o negócio, ele aderiu uma mecânica mais recente para, caso ocorra algum problema de uso, não enfrente dificuldade em encontrar peças para a relíquia. Atualmente, o transporte de noivas é a garantia de renda para parte das despesas do lar. “Em janeiro e nos meses do começo do ano são poucas noivas. A partir de maio, tem aumento até dezembro. Eu levo, em média, quatro noivas por mês. O serviço varia em torno de R$ 400”, disse.
Segundo Mauro, é comum que as noivas aluguem o carro por telefone sem nem conhecer. Ele conta ainda que tem noivos que locam o carro para fazer surpresa e as mulheres ficam deslumbradas.
Durante o trajeto para o altar, o sentimento é de tensão na maioria das vezes. Para isso, ele tem uma estratégia particular. “Algumas têm um nervosismo muito grande e outras ficam tranquilas. Quando elas ficam nervosas, conversamos e eu digo que hoje é o grande dia e não precisa ter preocupação. Eu levo minha mulher junto, porque elas se entregam melhor uma para a outra e conversam bastante”, revelou. Ele falou ainda de outra tática. "Sempre as noivas ficam com sede ou nervosas. Então, levo água, água de coco e balas", falou.
Além da experiência no ramo, Mauro coleciona casos curiosos sobre o "Dia D" das noivas. Ele lembrou de um em que a tensão da noiva foi ainda maior porque o padre atrasou mais que ela. “Em um casamento na Capela do Marista, que estava marcado para as 19h, a noiva pediu para eu atrasar porque o padre viria de Uberlândia e não tinha chegado. Eu fiquei rodando com essa noiva, aí deu 20h e o padre não chegava. Então, eu parei na porta do quartel, onde é um lugar de segurança, e ficamos lá até mais de 21h, quando o padre chegou. Essa noiva ficou muito nervosa e eu não tinha o que fazer e nem o que falar”, relatou.
O advogado e comerciante Orestes Neto é outro que atua neste ramo. Ele tem na garagem de casa um Galax LTD 73 e um Galax LTD 75. Ele afirma que não obtém renda como chofer, apenas faz o trabalho duas vezes por mês, a pedido de amigos. Assim como Mauro, além do papo, ele adotou uma estratégia para acalmar as noivas. “Na maioria das vezes a conversa é para tentar acalmar, porque elas ficam aflitas se a igreja está cheia e se está no horário. Geralmente, eu tento colocar o CD de uma música bem tranquila ou romântica. Às vezes, eu pergunto que tipo de música a noiva gosta e tenho um CD no carro para isso”, afirmou.
Sem a existência de empresas do segmento na cidade, Mauro aposta no trabalho coletivo com outros colecionadores. O objetivo é garantir qualidade e propagar o charme do passado em quatro rodas. “Eu tenho até uma parceria com uns colegas. Eu só faço um casamento por dia e se acontecer de ter mais de uma interessada no mesmo dia, passamos um para o outro. A concorrência na cidade não é muito grande, somos uns cinco motoristas”, afirmou.
Serviço aprovado
Em 2013, os noivos Lara Samuel e Wilson Samuel trocaram alianças, seguindo uma cerimônia cheia de tradição e romantismo. A promotora de vendas relata que ficou sabendo do uso dos carros de épocas através de um amigo que tinha contato com Orestes e outros donos de raridades automotivas. O presente dele para os noivos foi justamente o meio de transporte da noiva durante o casamento. “Acho muito diferente, porque atualmente usam carros convencionais ou atuais. Eu sempre quis um casamento no estilo romântico e acho que o carro ajudou muito. Foi tudo lindo no dia. Quando eu passei na rua da igreja, todos começaram a gritar, elogiando a minha chegada com o carro. Foi bem impactante porque ninguém esperava. Acho que isso trouxe o real valor do casamento, que nem era em tempos antigos”, afirmou.
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